DICA DE LEITURA: “INAUGURAÇÃO DE BRASÍLIA: MAKING OF”, DE ANDERSON OLIVIERI

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A dica de hoje do jornalista Anderson Olivieri – responsável pela comunicação do Cartório de Sobradinho – é a crônica “Inauguração de Brasília: making of”, de sua autoria:

Para os organizadores, foi um alívio quando os caminhões estacionaram em Brasília, vindos do Rio, com uma carga de respeito: 100 toneladas de carne, arroz, feijão, sal, farinha, açúcar, charque, café e refrigerante. Mas ainda assim as autoridades coçaram a cabeça, preocupadas. Estava arriscado faltar leite por aqueles dias.

Quem também se afligiu foram deputados e senadores, que receberam suas mobílias na madrugada de 19 de abril, distribuídas em 22 caminhões. No prédio onde as excelências se instalaram de mala e cuia, não havia luz, gás nem telefone. Era quase uma casa muito engraçada, com chão sem revestimento e paredes que nunca viram lixa, muito menos tinta. Para piorar, os elevadores não funcionavam. Subir mudança, portanto, só se fosse pela escada.

As estradas de acesso a Brasília ainda não tinham servido a tantos carros. Virou atração dos candangos, naqueles dias preparativos, checar, pelo enfeite dos veículos, a origem dos viajantes. Viu-se faixa de todo canto do país: “De Belém a Brasília”, “De Fortaleza a Brasília”, “Da Bahia para Brasília”, teve até quem se animou a sair de Chuí, extremo sul do Brasil. Um candango, entusiasmado com a diversidade regional do público, disse que não duvidava de aparecer um carro do Acre, embora inexistente estrada que ligasse os dois pontos.

Muitos abonados não quiseram saber de poeira, buraco e dias de estrada, preferindo o conforto e a rapidez da viagem aérea. Mal as aeronaves abriam a porta para desembarque, os passageiros ganhavam uma baforada quente e seca do clima da cidade e um microfone ao queixo. Eram jornalistas, à porta do avião, querendo saber dos vips qual a expectativa para a inauguração de Brasília. Alzira Vargas, esposa do ministro Amaral Peixoto e filha de Getúlio Vargas, rememorou o caudilho: “(Brasília) Era um velho sonho de meu pai…”

Este quebra-queixo no desembarque do avião revelaria ainda que, naquela hora importante do Brasil, integralistas e comunistas vestiam a mesma camisa – nem vermelha, nem verde, mas a de Brasília. No aeroporto, em companhia da esposa, Plínio Salgado se declarou à cidade: “Sou fanático por Brasília e aqui vou morar definitivamente.” Oscar Niemeyer, uma vida dedicada ao Partido Comunista Brasileiro, embora ausente da festa por aversão a agitações e aviões, mandou efusivos cumprimentos ao presidente da República pelo dia histórico.

O clima de véspera estava tão bom que se viu mais do que ideólogos antagônicos a confluir numa opinião positiva sobre Brasília. Flagrou-se até adversários políticos reconhecendo derrota futura nas urnas. Foi o que aconteceu quando Magalhães Pinto e Tancredo Neves, candidatos ao governo de Minas Gerais na eleição de outubro de 1960, se toparam no corredor do Brasília Palace Hotel, horas antes da inauguração. Ao mesmo tempo e com as mesmas palavras, se cumprimentaram: “Como vai, governador?”.

Com a aproximação da hora de gala, viu-se um alvoroço de senhoras com bobes na cabeça pelos corredores dos hotéis. Corriam de um lado para o outro atrás de passadeiras ou, pelo menos, de um ferro de passar que pudesse alisar os vestidos do baile. Para desapontamento geral das damas, não tardou a informação de que as profissionais e os eletrodomésticos estavam à disposição dos membros e convidados cortesãos.

Aos plebeus desejosos de acessos palacianos, recomendava-se pressa. Sabedor de que era “agora ou nunca”, pois dali a algumas horas pioneiro não entraria mais, o carpinteiro João Manuel e a esposa tomaram os cinco filhos pelas mãos e os levaram para conhecer o espetáculo que ele, durante três anos, construíra. Em reverência, tiraram os sapatos para ingressar no plenário da Câmara dos Deputados. Sentados nas poltronas que logo seriam exclusivas dos parlamentares, fizeram todos um silêncio de prece, exceto João, que, emocionado, exprimiu: “que beleza, hein moço? Que beleza que ficou”.

Sessenta e um anos depois, se um making of da inauguração de Brasília fosse mostrado no Cine Drive-in, tudo isso e mais um pouco seriam vistos dos dias e horas antecedentes ao histórico 21 de abril de 1960.

Para acompanhar outras crônicas deste autor, visite o site www.apalavrado.com.br.

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